Eficiência energética é um tema recorrente nas discussões climáticas, principalmente no que diz respeito à geração de energia elétrica. Encontrar meios de gerar a mesma quantidade, gastando menos recursos naturais, é fundamental para a sustentabilidade do planeta. Nesse sentido, a geração distribuída (GD) é a modalidade que permite que a energia seja gerada próximo ou no local de consumo.
Além de mais eficientes, os projetos de GD recebem incentivos fiscais por gerarem energia limpa. Esse modelo energético atua com a geração de créditos de energia, que podem ser compensados em faturas futuras ou podem ser distribuídos localmente, aumentando ainda mais a eficiência do sistema.
Neste artigo, vamos trazer as definições sobre o que é a geração distribuída, sua linha do tempo histórica, a legislação brasileira, benefícios para quem investe no setor e as perspectivas para o futuro.
Continue a leitura e fique bem informado sobre a geração distribuída, bons estudos.
O que é Geração Distribuída?
A Geração Distribuída (GD) é um sistema em que a geração de energia elétrica ocorre próxima ao ponto de consumo, utilizando fontes renováveis como a energia solar, eólica, biomassa e hidrelétrica.
Essa modalidade faz contraponto às grandes usinas, que centralizam a geração para depois fazer a distribuição. Isso permite, por exemplo, que os consumidores atuem como produtores, os chamados prosumidores.
Assim, a energia gerada pode ser consumida no local ou injetada na rede elétrica, possibilitando a compensação de créditos energéticos. Esse modelo reduz perdas na transmissão, aumenta a eficiência energética e contribui para a sustentabilidade ambiental ao reduzir a dependência de fontes de energia fósseis, por exemplo.
Simultaneidade na geração distribuída
A simultaneidade na geração distribuída e na energia solar refere-se ao consumo da energia no exato momento em que ela é gerada pelo sistema fotovoltaico. Quando a energia gerada é consumida instantaneamente, ela não é registrada pelo medidor, assim, quanto maior for o autoconsumo local, menor será a energia injetada na rede elétrica. Ou seja, menores serão os créditos energéticos gerados pelo sistema.
Anteriormente, cada 1 kWh de energia injetado na rede gerava um crédito de 1 kWh para o consumidor, independentemente do momento do consumo, o que tornava desnecessário considerar a simultaneidade. No entanto, com as novas regulamentações aplicadas a partir de janeiro de 2023, a simultaneidade passou a ter um papel significativo no cálculo do payback dos sistemas de energia solar.
Modelos de geração distribuída
Como dissemos, a geração distribuída pode utilizar os seguintes modelos energéticos:
- Solar.
- Eólica.
- Biomassa.
- Pequenas Hidrelétricas.
Vamos entender cada um deles na sequência.
Geração distribuída – Energia Solar
A energia solar é a fonte de energia renovável mais popular, sendo utilizada em residências, comércios e indústrias.
A energia solar é uma alternativa de geração de energia, produzida a partir da captação de luz e calor (radiação eletromagnética) emitida pelo sol. Sendo assim, ela pode ser aproveitada por diversos equipamentos, como aquecedores solares, painéis fotovoltaicos e usinas termossolares.
Nesse sentido, os painéis fotovoltaicos convertem diretamente a luz do Sol em energia elétrica e essa corrente pode ser utilizada para abastecer residências, empresas e indústrias, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Além da geração de eletricidade, a energia solar também pode ser usada para o aquecimento de água, através de sistemas de aquecimento solar térmico, proporcionando uma solução eficiente e econômica para diversas aplicações.
Geração distribuída – Energia Eólica
A energia eólica é aquela obtida a partir da força do vento. A partir de um sistema transforma a energia cinética dos ventos em energia mecânica e, posteriormente, a energia mecânica em elétrica.
Os parques eólicos funcionam da seguinte forma: O vento é captado por meio dos aerogeradores, que alimentam os rotores, responsáveis por transformar a energia cinética em mecânica. Por fim, os geradores são alimentados por esta energia mecânica e a transformam em energia elétrica, que pode ser consumida no local ou injetada na rede de distribuição.
Geração distribuída – Biomassa
A biomassa é uma forma de energia renovável gerada a partir de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, florestais, industriais e urbanos, além de cultivos criados especificamente para a geração de energia. Esses materiais orgânicos são convertidos em energia através de processos como a combustão direta, a fermentação, a digestão anaeróbica e a gaseificação.
Exemplos de Uso de Biomassa
- Usinas de Cana-de-Açúcar: No Brasil, por exemplo, o bagaço da cana-de-açúcar é amplamente utilizado para gerar eletricidade e calor em usinas de cogeração.
- Resíduos Florestais: Em países com indústrias florestais desenvolvidas, resíduos de madeira podem ser convertidos em pellets ou briquetes, que são queimados em caldeiras para geração de energia.
- Culturas Energéticas: Referem-se a culturas específicas cuja biomassa pode ser utilizada para a geração de energia. Alguns exemplos são as florestas, cuja madeira é utilizada para queima ou conversão em biocombustíveis; cana-de-açúcar, fonte de etanol; forrageiras, plantas usadas na alimentação animal e conversão em energia.
Geração distribuída – Pequenas Hidroelétricas
As PCH’s – Pequenas Centrais Hidrelétricas, CGH’s – Centrais Geradoras Hidrelétricas e MCH’s – Micro Centrais Hidrelétricas são fontes de geração de energia hídrica, contudo, diferem dos grandes geradores por seu tamanho e capacidade de geração.
PCH’s e CGH’s são usinas que têm entre 5 e 50 MW no caso das PCH’s, 5 MW para as CGH’s e até 75 kW para as MCH’s. Essas fontes de geração de energia também utilizam o processo de uma hidrelétrica, contudo, é uma alternativa ao sistema tradicional, uma vez que necessita de uma queda d’água menor e nem sempre interferem no curso de rios para serem instaladas, o que torna o impacto ambiental menor.
Outro ponto positivo desse tipo de usina é a diminuição da área inundada, que faz com que esse tipo de usina diminua a emissão de gases de efeito estufa que geralmente são gerados nos reservatórios de água.
Mini e Microgeração distribuída
A microgeração distribuída é caracterizada quando a usina tem potência energética de até 75 kW, utiliza fontes renováveis de energia e está conectada à rede elétrica local. Já os projetos de minigeração distribuída são um pouco maiores, tendo entre 75 kW e 5 MW de potência.
Benefícios
Além de contribuir para reduzir os impactos ambientais da geração de energia e aumentar a eficiência energética, os projetos de geração distribuída podem fomentar ações da economia circular e ainda trazer benefícios econômicos para consumidores e empresas.
Em 05/06/2024, por exemplo, foi regulamentada a isenção de PIS/Cofins para projetos de minigeração distribuída, trazendo uma redução de 9,25% no imposto, para importação de equipamentos, contratação de prestação de serviços e compra de materiais e equipamentos incorporados ao ativo de infraestrutura. Outros benefícios são:
- Ampla variedade de fontes de energia;
- Redução das perdas de energia pela proximidade entre geração e consumo;
- Fortalecimento da cadeia produtiva;
- Balanceamento das cargas no sistema elétrico;
- Sustentabilidade da matriz energética;
- Otimização do uso dos recursos disponíveis;
- Aumento da eficiência energética nos projetos;
Tipos de consumo na Geração distribuída
Autoconsumo Local
A energia gerada nesse modelo é consumida no próprio local, como em residências ou empresas com painéis solares. O excedente é injetado na rede elétrica, gerando créditos.
Autoconsumo Remoto
Nesse modelo, a energia é produzida em um local e é utilizada para abastecer outro local do mesmo consumidor. Ideal para empresas com várias unidades, permite otimizar a geração e o consumo de energia.
Geração Compartilhada
Acontece quando vários consumidores se associam para investir em um sistema de geração distribuída. A energia gerada é compartilhada entre os participantes, democratizando o acesso à energia renovável. Os veículos de compartilhamento mais comuns são associações, consórcios e cooperativas.
Empreendimento com Múltiplas Unidades Consumidoras (EMUC)
Em grandes empreendimentos, como condomínios, a energia gerada é distribuída entre todas as unidades consumidoras. Isso oferece uma solução integrada e eficiente, aproveitando melhor os recursos disponíveis.
Linha do Tempo da Geração Distribuída no Brasil
Nos últimos anos, a legislação brasileira de geração distribuída (GD) passou por mudanças significativas para adaptar-se ao crescimento do setor e às necessidades de um mercado energético em transformação. Essas mudanças foram motivadas tanto pela evolução tecnológica quanto pelo aumento da demanda por fontes de energia renovável.
Marco Legal da Geração Distribuída: Lei 14.300/2022
A Lei 14.300, sancionada em janeiro de 2022, estabelece o marco legal da geração distribuída no Brasil, trazendo uma série de novas diretrizes e condições para o setor:
- Definição de Categorias: A lei define claramente as categorias de microgeração (até 75 kW) e minigeração distribuída (75 kW menor ou igual a 5 MW para fontes despacháveis e menor ou igual a 3 MW para fontes não despacháveis), proporcionando uma estrutura regulatória específica para cada uma.
- Sistema de Compensação: A lei mantém o sistema de compensação, onde a energia excedente gerada é convertida em créditos, permitindo que os consumidores abatam o consumo nos meses subsequentes. No entanto, ajustes foram feitos para equilibrar os custos de uso da rede elétrica.
- Validade dos Créditos: A ampliação da validade dos créditos de energia para 60 meses, incentivando a autossuficiência energética e o uso eficiente dos recursos.
O Futuro da Geração Distribuída no Brasil
Crescimento e Acessibilidade
A GD no Brasil está em rápida expansão, especialmente na energia solar fotovoltaica. A Lei 14.300/2022 estabiliza o marco legal, facilitando o acesso para pequenos consumidores e comunidades remotas através de programas de financiamento e subsídios.
Inovações Tecnológicas
- Armazenamento de Energia: Baterias permitem armazenar excesso de energia para uso posterior.
- Sistemas Híbridos: Integração de várias fontes renováveis melhora a eficiência e confiabilidade.
- Smart Grids: Redes inteligentes ajudam a gerenciar e equilibrar a oferta e demanda de energia.
Desafios e Regulação
- Regulação e Integração: Adaptação das políticas públicas e modernização da infraestrutura são necessárias para acompanhar a evolução tecnológica.
- Sustentabilidade Econômica: Equilibrar custos e benefícios com tarifas justas e incentivos adequados é crucial.
Perspectivas de Mercado
Crescimento e Investimentos
A demanda por energia limpa impulsiona o mercado, com o Brasil possuindo vasto potencial solar. Em 2024, segundo a Absolar, a energia solar trouxe 12 bilhões em novos investimentos, somando a energia distribuída e a centralizada. Esse número é 50% maior que no mesmo período do ano passado.
Geração de Empregos
A instalação e manutenção de sistemas de GD criam empregos, especialmente em regiões com boa incidência solar Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, a geração distribuída gera 30 empregos diretos e 3,1 empregos indiretos por MW instalado. Só em 2024 são esperados mais de 280 mil novos postos de trabalho.
Conclusão
Como vimos, a geração distribuída é um passo importante para a eficiência e a sustentabilidade energética. Além de benefícios para o meio ambiente, ela pode fomentar ações da economia circular e ainda trazer ganhos econômicos para consumidores e empresas.
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